COP 30: Países defendem “mapa do caminho” para o fim dos combustíveis fósseis enquanto estudos indicam que Brasil pode zerar emissões antes de 2050
A COP 30 reúne, em Belém, lideranças de todos os continentes em um momento decisivo. Nesta semana, um grupo de cerca de 80 países defendeu, publicamente, que o mundo precisa de um “mapa do caminho” para encerrar gradualmente o uso de combustíveis fósseis. Trata-se de uma proposta para organizar, de forma clara, as etapas, prazos e responsabilidades da transição energética global.
O gesto, convocado pela Dinamarca e apoiado por países como Colômbia, Quênia, Reino Unido, Serra Leoa e membros da União Europeia, busca pressionar os negociadores da conferência a incluir o tema no texto oficial. A mensagem central é direta: a crise climática exige velocidade, coordenação e ações concretas.
O contexto brasileiro: metas antecipadas e potencial de liderança
Enquanto a negociação internacional ganha força, um estudo recém-divulgado no Brasil trouxe uma notícia relevante: o país pode zerar suas emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2040, dez anos antes da meta prevista no Acordo de Paris.
O relatório Brazil Net-Zero by 2040, elaborado pelo Instituto Amazônia 4.0 em conjunto com universidades brasileiras, propõe dois caminhos realistas:
AFOLU-2040 – focado em agricultura, florestas e uso da terra;
Energy-2040 – centrado na transição energética e na redução dos combustíveis fósseis.
A primeira rota aposta em medidas como fim do desmatamento até 2030, restauração de ecossistemas e estímulo à agricultura regenerativa. Já a segunda prioriza a substituição de petróleo e gás por biocombustíveis e tecnologias de captura e armazenamento de carbono.
O “mapa do caminho” da COP 30: um mutirão global
Na COP 30, o termo “mapa do caminho” surge como resposta à necessidade de alinhar esses esforços. O rascunho apresentado pela ONU organiza quatro temas essenciais:
financiamento para enfrentar a crise climática;
mecanismos para comprovação de metas;
impacto do comércio nas políticas ambientais;
e proposições para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis.
O documento ainda está em fase preliminar, mas já aparece como possível base para acordo entre os países. A expectativa é de que novas negociações avancem nos próximos dias.
O ponto de encontro entre as discussões climáticas e a reciclagem
Embora o foco da COP 30 esteja majoritariamente em energia, desmatamento e finanças climáticas, a reciclagem ocupa espaço estratégico nesse debate. Isso porque a economia circular interfere diretamente em três fatores decisivos para o cumprimento das metas globais:
- Redução de emissões – materiais reciclados exigem menos energia para produção do que matérias-primas virgens;
- Menor pressão sobre recursos naturais – evitando novas extrações e mantendo materiais em circulação;
- Diminuição do descarte inadequado – que, em países tropicais, representa emissões significativas de metano.
À medida que o mundo planeja reduzir combustíveis fósseis, setores industriais precisarão se adaptar a uma matriz energética menos intensiva em carbono. Reciclar é parte fundamental desse processo, pois diminui a demanda energética e fortalece cadeias produtivas sustentáveis.
Empresas que operam no setor já contribuem para esse movimento, reduzindo impactos, promovendo reaproveitamento, estruturando logística reversa e ampliando os ciclos de vida dos materiais. São ações práticas que, somadas ao compromisso político discutido na COP 30, ajudam a construir o caminho para metas mais ambiciosas.




