O Papel da China na Crise Climática: Contradições e Caminhos para o Futuro

3 de novembro de 2025

A China ocupa uma posição singular na agenda climática global. É o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo e, ao mesmo tempo, o maior investidor em energia limpa. Esse paradoxo coloca o país no centro das discussões sobre o futuro do clima. 

Maior Emissor de CO₂

Em 2024, a China foi responsável por cerca de 30% das emissões globais de dióxido de carbono, a primeira vez que um único país concentrou quase um terço de todo o CO₂ emitido no planeta. Esse número reforça o peso do país nas metas globais de redução de emissões.

Investimento em Energia Limpa

O governo chinês tem feito avanços significativos no setor de renováveis. Em 2024, mais de US$600 bilhões foram investidos em energia solar, eólica, tecnologias de transmissão e armazenamento. Esses esforços já começam a mostrar resultados: no primeiro trimestre de 2025, as emissões chinesas caíram 1,6% em comparação ao mesmo período de 2024, ficando 1% abaixo do pico histórico.

A Contradição do Carvão

Apesar do avanço das renováveis, o carvão segue sendo um pilar importante da matriz energética chinesa. Em 2024, o país construiu novas usinas de carvão que somam 94 gigawatts de capacidade instalada e aprovou outros 66 GW, o maior volume em uma década. Esse movimento gera questionamentos sobre a velocidade da transição energética no país. 

Metas e Desafios

A China estabeleceu como meta atingir o pico de suas emissões até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono em 2060. Para especialistas, o grande desafio será equilibrar três frentes ao mesmo tempo:


  • Crescimento econômico: mantendo sua posição como a segunda maior economia do mundo.
  • Segurança energética: garantindo fornecimento estável de energia para uma população de 1,4 bilhão de pessoas.
  • Redução de emissões: cumprindo o papel crucial na contenção do aquecimento global.

Relação com a Reciclagem e Economia Circular

Além da transição energética, a China também tem investido na economia circular como estratégia para reduzir a pressão sobre recursos naturais e emissões. Programas de reciclagem de metais, plásticos e eletrônicos ganham força no país, ajudando a diminuir a dependência de matérias-primas virgens e o impacto da produção industrial.


O que acontece na China afeta diretamente o clima global. Se o país acelerar sua transição para fontes limpas e fortalecer políticas de economia circular e reciclagem, os efeitos positivos serão sentidos em todo o planeta. Mas se a dependência do carvão persistir, os esforços internacionais para conter o aquecimento global podem ser comprometidos.

12 de dezembro de 2025
Nos últimos meses, o Brasil tem enfrentado uma sucessão de ciclones extratropicais marcados por ventos intensos, chuvas volumosas e impactos significativos em diversas regiões. Embora esses sistemas meteorológicos sejam comuns no hemisfério Sul, especialistas afirmam que a intensidade atual já não pode ser considerada “normal”. O ciclone que atingiu recentemente o Sul do país foi classificado como de altíssimo risco, com rajadas que podem chegar a 120 km/h. Em Santa Catarina, municípios registraram volumes excepcionais de chuva em apenas 24 horas. A consequência imediata foram alagamentos, destruição e, infelizmente, mortes. O que está intensificando esses eventos? Pesquisas apontam uma relação direta entre o aquecimento global e a amplificação de fenômenos como esse. Para especialistas, a atmosfera mais quente fornece energia adicional às tempestades, favorecendo episódios mais severos. Outro fator decisivo é a redução inédita do gelo marinho na Antártica, resultado direto das mudanças climáticas. Essa alteração coloca a Oscilação Antártica em fase negativa, deslocando o cinturão de ciclones extratropicais e empurrando eventos mais intensos para o Sul do Brasil. Como explica o climatologista Francisco Aquino, esse cenário cria as condições perfeitas para tempestades extremas, comuns no inverno, ocorrerem também em outras estações. Ciclones-bomba: um risco crescente Os meteorologistas também observam a maior frequência de “ciclones-bomba”, caracterizados pela queda rápida da pressão atmosférica e ventos violentos. Embora ainda seja cedo para classificar o último evento como tal, a estrutura e a intensidade do sistema se aproximam desse padrão, reforçando um alerta sobre o que está por vir. Estudos climáticos já projetam um aumento desses sistemas nas próximas décadas se as emissões globais continuarem elevadas. Impactos sociais e a necessidade de adaptação Eventos como esse mostram que não se trata apenas de um problema ambiental, mas também de uma questão de segurança pública, planejamento urbano e resiliência comunitária. Especialistas defendem investimentos urgentes em: Alertas antecipados Infraestrutura de proteção Comunicação eficiente sobre riscos Políticas de mitigação e adaptação climática Essa estrutura é essencial para reduzir danos humanos e econômicos em cenários de tempestades cada vez mais intensas. O papel da economia circular nesse cenário A transição para cidades mais resilientes inclui uma revisão profunda da forma como produzimos, consumimos e descartamos. O acúmulo de emissões, que impulsiona eventos como ciclones intensificados, está diretamente ligado ao uso de materiais virgens e à falta de eficiência nas cadeias produtivas. Ao fortalecer práticas como reciclagem, reaproveitamento e gestão responsável, reduzimos emissões, poupamos recursos naturais e construímos estruturas mais preparadas para o futuro. A economia circular não é apenas uma pauta ambiental: é uma estratégia concreta de mitigação climática Caminhos possíveis para o amanhã A crescente força dos ciclones extratropicais no Brasil é um sinal claro de que o mundo já vive os efeitos das mudanças climáticas. Enfrentar essa realidade exige ação conjunta: políticas públicas fortes, ciência, inovação e responsabilidade ambiental. Na Recicla, seguimos comprometidos com soluções que reduzem impactos, fortalecem comunidades e contribuem para um futuro mais seguro e equilibrado. A adaptação climática começa agora, e passa pelas escolhas que fazemos todos os dias.
9 de dezembro de 2025
Com enchentes cada vez mais frequentes e o aumento do nível do mar pressionando populações costeiras, a Holanda tem se destacado ao desenvolver bairros flutuantes como forma de adaptação urbana. Um exemplo emblemático é Schoonschip, em Amsterdã: um conjunto de casas que se eleva e desce com a água, resistindo a tempestades que vêm se tornando mais intensas. Nesse modelo, as construções são fixadas em pilares metálicos, possuem cascos de concreto e utilizam painéis solares, bombas de calor e telhados verdes. A proposta une habitação, sustentabilidade e resiliência climática, transformando a água em aliada, não em ameaça. Tecnologia que já inspira o mundo A experiência holandesa não está isolada. Projetos semelhantes já se espalham para países europeus, para a Polinésia Francesa, para as Maldivas e até para ilhas artificiais propostas no mar Báltico. A escala desses planos mostra que a adaptação climática exige inovação e soluções urbanas que considerem o cenário futuro! Novo planejamento urbano para novos desafios Casas flutuantes não têm apenas função habitacional: elas surgem como alternativas para cidades que enfrentam falta de espaço, enchentes recorrentes e riscos de tempestades extremas. A Holanda já inclui esse tipo de construção em sua Estratégia de Adaptação e Resistência às Mudanças Climáticas, e a demanda cresce diante da necessidade de novas moradias. Benefícios, desafios e oportunidades A tecnologia é promissora, mas também enfrenta obstáculos. Construções sobre a água exigem infraestrutura específica, como redes de energia e saneamento adaptadas, além de resistência a ventos e ondas mais fortes. Ainda assim, especialistas defendem que cidades adaptadas à água podem salvar vidas e reduzir danos bilionários em cenários de enchentes, cada vez mais comuns em regiões urbanas. O papel da gestão de materiais nesse contexto Soluções como bairros flutuantes fazem parte de uma transformação maior: pensar cidades mais resilientes e sustentáveis. Nesse cenário, economias circulares e sistemas eficientes de reciclagem têm papel essencial na redução de impactos e na construção de ambientes urbanos mais preparados para o futuro. A reciclagem reduz a pressão sobre recursos naturais, diminui emissões e contribui para que infraestruturas urbanas, seja no solo ou na água, sejam menos vulneráveis às mudanças climáticas. Trata-se de um conjunto de práticas que, quando aplicadas com responsabilidade, ajudam a fortalecer cidades, comunidades e ecossistemas! Caminhos possíveis para o amanhã A experiência holandesa prova que inovação, tecnologia e sustentabilidade podem caminhar juntas para enfrentar desafios previstos nas próximas décadas. E cada país, cada cidade e cada empresa têm um papel nisso. A Recicla segue comprometida com práticas que fortalecem essa visão: gestão responsável, economia circular e soluções que contribuem para um futuro mais seguro, inteligente e adaptado.