The Town deve gerar 10 toneladas de latinhas para reciclagem: como grandes eventos impulsionam a economia circular

28 de novembro de 2025

Durante os cinco dias de programação do The Town, a estimativa é que 10 toneladas de latinhas pós-consumo sejam geradas no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Todo esse volume será destinado à reciclagem pela Novelis, líder mundial na laminação e reaproveitamento do alumínio. Para visualizar: se todas essas latas fossem enfileiradas, dariam mais de dez voltas completas no circuito do autódromo. 



A força dos catadores e da coleta estruturada


 A operação conta com cerca de 20 catadores e catadoras, que atuam diretamente durante os mais de 100 shows do festival. A participação desses profissionais é essencial para garantir a separação do material ainda dentro do evento, etapa fundamental para que as latas retornem corretamente à cadeia produtiva


.Após a coleta, as embalagens seguem para o Centro de Coleta da Novelis, onde passam por processos de pesagem, triagem, limpeza, prensagem e estocagem. Em seguida, são enviadas para o complexo industrial de Pindamonhangaba (SP), o maior centro integrado de laminação e reciclagem de alumínio do mundo.


Economia circular: o alumínio como exemplo de eficiência


O alumínio é um dos materiais mais competitivos quando o assunto é circularidade: pode ser reciclado infinitas vezes, sem perda de qualidade. No caso do The Town, as latinhas coletadas voltam para a indústria e se transformam novamente em chapas para novas embalagens


.Esse fluxo evidencia um ponto essencial: reciclagem é tecnologia, impacto ambiental reduzido e geração de valor simultaneamente. A Novelis destaca que esse ciclo traz benefícios ambientais e sociais claros e diretos, fortalecendo cadeias produtivas e ampliando oportunidades.


O ponto de conexão com a Recicla


A força desse movimento dialoga diretamente com o trabalho da Recicla no Nordeste. Assim como no The Town, a operação da Recicla mostra diariamente que resíduos encaminhados corretamente geram empregos, movimentam a economia e evitam o uso de recursos naturais.


Eventos desse porte reforçam a importância de cadeias estruturadas, parcerias eficientes e ações que começam na separação correta e terminam na transformação de materiais, exatamente a base da atuação da Recicla.


Em escala nacional ou regional, o princípio é o mesmo: preservar hoje para garantir o amanhã, por meio de práticas que unem eficiência operacional e compromisso ambiental.


25 de novembro de 2025
A COP 30 reúne, em Belém, lideranças de todos os continentes em um momento decisivo. Nesta semana, um grupo de cerca de 80 países defendeu, publicamente, que o mundo precisa de um “mapa do caminho” para encerrar gradualmente o uso de combustíveis fósseis. Trata-se de uma proposta para organizar, de forma clara, as etapas, prazos e responsabilidades da transição energética global. O gesto, convocado pela Dinamarca e apoiado por países como Colômbia, Quênia, Reino Unido, Serra Leoa e membros da União Europeia, busca pressionar os negociadores da conferência a incluir o tema no texto oficial. A mensagem central é direta: a crise climática exige velocidade, coordenação e ações concretas. O contexto brasileiro: metas antecipadas e potencial de liderança Enquanto a negociação internacional ganha força, um estudo recém-divulgado no Brasil trouxe uma notícia relevante: o país pode zerar suas emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2040, dez anos antes da meta prevista no Acordo de Paris. O relatório Brazil Net-Zero by 2040, elaborado pelo Instituto Amazônia 4.0 em conjunto com universidades brasileiras, propõe dois caminhos realistas: AFOLU-2040 – focado em agricultura, florestas e uso da terra; Energy-2040 – centrado na transição energética e na redução dos combustíveis fósseis. A primeira rota aposta em medidas como fim do desmatamento até 2030, restauração de ecossistemas e estímulo à agricultura regenerativa. Já a segunda prioriza a substituição de petróleo e gás por biocombustíveis e tecnologias de captura e armazenamento de carbono. O “mapa do caminho” da COP 30: um mutirão global Na COP 30, o termo “mapa do caminho” surge como resposta à necessidade de alinhar esses esforços. O rascunho apresentado pela ONU organiza quatro temas essenciais: financiamento para enfrentar a crise climática; mecanismos para comprovação de metas; impacto do comércio nas políticas ambientais; e proposições para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. O documento ainda está em fase preliminar, mas já aparece como possível base para acordo entre os países. A expectativa é de que novas negociações avancem nos próximos dias. O ponto de encontro entre as discussões climáticas e a reciclagem Embora o foco da COP 30 esteja majoritariamente em energia, desmatamento e finanças climáticas, a reciclagem ocupa espaço estratégico nesse debate. Isso porque a economia circular interfere diretamente em três fatores decisivos para o cumprimento das metas globais: Redução de emissões – materiais reciclados exigem menos energia para produção do que matérias-primas virgens; Menor pressão sobre recursos naturais – evitando novas extrações e mantendo materiais em circulação; Diminuição do descarte inadequado – que, em países tropicais, representa emissões significativas de metano. À medida que o mundo planeja reduzir combustíveis fósseis, setores industriais precisarão se adaptar a uma matriz energética menos intensiva em carbono. Reciclar é parte fundamental desse processo, pois diminui a demanda energética e fortalece cadeias produtivas sustentáveis. Empresas que operam no setor já contribuem para esse movimento, reduzindo impactos, promovendo reaproveitamento, estruturando logística reversa e ampliando os ciclos de vida dos materiais. São ações práticas que, somadas ao compromisso político discutido na COP 30, ajudam a construir o caminho para metas mais ambiciosas.
14 de novembro de 2025
O estudo Brazil Net-Zero by 2040 , divulgado pelo Instituto Amazônia 4.0 em parceria com diversas universidades brasileiras, aponta que o Brasil pode atingir a neutralidade de carbono já em 2040, uma década antes do previsto pelo Acordo de Paris. A conclusão baseia-se em simulações do BLUES (Brazilian Land Use and Energy System Model), que projeta cenários distintos de uso da terra, energia e políticas climáticas. A consolidação desse resultado coincide com um momento estratégico: A COP 30, em Belém, onde o tema da antecipação das metas climáticas está no centro do debate global. Os caminhos possíveis: natureza ou energia como força principal O estudo identifica dois caminhos realistas para acelerar a descarbonização: AFOLU-2040: soluções baseadas na natureza Esse cenário concentra esforços no combate ao desmatamento, na restauração de ecossistemas e no estímulo a práticas agrícolas regenerativas. Segundo os pesquisadores, 87% das remoções de carbono até 2040 poderiam vir dessas ações: Zerar o desmatamento até 2030; Ampliar reflorestamento e restauração; Incentivar sistemas agroflorestais; Adotar modelos produtivos que regeneram o solo e ampliam a biodiversidade. É o caminho de menor custo e maior previsibilidade, já que se baseia em tecnologias e práticas que o país domina. Energy-2040: a aceleração da transição energética A segunda trajetória aposta em uma mudança estrutural da matriz energética brasileira. Maior uso de biocombustíveis; Redução da dependência de petróleo; Expansão de tecnologias de captura e armazenamento de carbono; Desenvolvimento de novas infraestruturas de baixa emissão. Este cenário reduz riscos territoriais, mas envolve custos mais elevados e o uso de tecnologias que ainda estão em fase de consolidação no país. Custos, desafios e potencial de impacto A AFOLU-2040 exigiria cerca de 1% de investimento adicional em relação à meta atual, sendo considerada a via mais acessível. Já a Energy-2040 demandaria cerca de 20% a mais de investimentos, devido à criação de novas infraestruturas e tecnologias industriais. Ainda assim, os pesquisadores apontam que, com cooperação entre setores públicos e privados, além de uma distribuição justa dos custos, ambas as rotas são viáveis. O Brasil, se bem-sucedido, pode se tornar um exemplo global de desenvolvimento associado à descarbonização. Por que isso importa? E qual o papel da reciclagem no processo A transição para emissões líquidas zero envolve reduzir a pressão sobre florestas, diminuir o uso de combustíveis fósseis e transformar a lógica de produção e consumo. Nesse ponto, a reciclagem se torna uma das ferramentas mais diretas para: Evitar emissões associadas à extração de novos recursos; Reduzir o volume de resíduos enviados a aterros; Diminuir o uso de energia em processos industriais; Fortalecer cadeias produtivas circulares. Ao prolongar o ciclo de vida dos materiais, a economia circular contribui para a mitigação climática, especialmente em setores como metais, papel, embalagens e plásticos, que têm grande impacto emissivo na cadeia produtiva. O estudo indica que alcançar emissões líquidas zero até 2040 é possível, desejável e estrategicamente vantajoso. Mais que atingir metas, trata-se de redefinir o desenvolvimento nacional, conectando proteção ambiental, economia e inovação. Nesse processo, a reciclagem e a economia circular não são apenas complementos, são pilares essenciais de uma transição climática consistente, capaz de gerar emprego, valor e impacto real.