Reciclagem no Brasil ainda é baixa, mas fatores podem reverter cenário
De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2024, publicado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), o país produz cerca de 81 milhões de toneladas de resíduos por ano. Desse montante, apenas entre 2,4% e 8,3% é efetivamente reciclado, segundo levantamento da Fundação Dom Cabral e do Instituto Atmos.
Essa baixa taxa de reciclagem representa uma perda econômica estimada em R$14 bilhões por ano. Entre os principais entraves estão os altos custos do processo, a falta de infraestrutura e a ausência de incentivos que promovam a cultura de descarte correto.
O papel da economia circular
A economia circular surge como alternativa para transformar esse cenário. Diferente do modelo linear, baseado em “extrair, produzir e descartar”, a proposta circular busca reduzir desperdícios e aumentar a reutilização de recursos.
Esse modelo se apoia em práticas como reutilização, reparação, renovação e reciclagem, ampliando o ciclo de vida dos produtos.
Nesse contexto, a logística reversa é uma ferramenta estratégica: ela permite que resíduos retornem ao setor produtivo, seja para reaproveitamento, reciclagem ou descarte adequado, por meio de fluxos que partem do consumidor final e chegam de volta à indústria.
Destinação dos resíduos no país
Segundo a Abrema, em 2023:
- 28,7 milhões de toneladas (41%) foram destinadas a lixões, aterros irregulares, valas e terrenos baldios;
- 40,5 milhões de toneladas (58,5%) tiveram como destino aterros sanitários ambientalmente regulares.
Esses números revelam que ainda há muito espaço para melhorias na gestão de resíduos. O potencial de reciclagem no Brasil poderia chegar a 33,6%, de acordo com a gravimetria nacional do Panorama 2020.
Alumínio: um case de sucesso
Se por um lado a reciclagem nacional ainda é tímida, por outro o Brasil se destaca mundialmente em um setor específico: o das latas de alumínio.
Em 2023, o país reciclou 99,7% das 397,2 mil toneladas vendidas, o que representa mais de 30 bilhões de latas reaproveitadas. A média nacional dos últimos 15 anos é de 98%, consolidando o Brasil como líder global.
Perspectivas e COP 30
Em novembro, Belém (PA) sediará a COP 30 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Para líderes do setor, a pauta da reciclagem e da economia circular precisa ganhar espaço nos debates, indo além das questões de desmatamento e emissões
Segundo Cátilo Cândido, presidente-executivo da Abralatas, é essencial trazer a circularidade para o dia a dia do consumo das famílias, estimulando práticas sustentáveis em todos os setores.
Caminhos possíveis
O Brasil tem potencial para avançar. Entre as medidas que podem acelerar esse processo estão:
- Incentivo à logística reversa em diferentes cadeias produtivas;
- Ampliação de investimentos em coleta seletiva e triagem;
- Fomento à educação ambiental para estimular hábitos conscientes;
- Integração entre governos, empresas e sociedade para fortalecer a economia circular.
